Observando o
que foram os primeiros 30 anos do século XX, podemos
perceber que havia uma força motivadora muito grande neste período. Uma busca pela
emancipação do indivíduo talvez seja a forma resumida de entender isto. Neste
sentido o livro de Reich, publicado logo após o término da segunda guerra
mundial, se mostra um manifesto muito claro e consequência deste tempo. Ler
este livro com um mínimo de olhar histórico pode se revelar uma experiência
única.
A invenção
do indivíduo produzirá uma série de novas tecnologias. Podemos observar que
noções de comportamento e política vão mudando conforme esta invenção se faz e aperfeiçoa.
Podemos observar que o ideal político começa a abandonar o modelo semi-divino
do rei, caminhando para algo mais republicano, e talvez num ponto mais extremo,
para o comunismo ou a anarquia. O sujeito se reconhecerá enquanto indivíduo, e
buscará ser tratado como tal, cada vez mais em busca da sua liberdade individual. Daí
a necessidade de abandonar a vontade de um soberano (quase divino) na busca de
formas mais eficientes para suprir vontades coletivas de cada pessoa – por isso a
república e a democracia moderna, da quais carregamos forte herança.
Talvez no
inicio do século XX nunca tenhamos chego tão perto de uma emancipação do
individuo, jamais vista em outros períodos históricos. Se num dado momento utilizarão
o Estado para mediar os interesses coletivos (a exemplo da revolução francesa),
nos princípios do século XX quase chegamos talvez a abandonar, não necessitar e não desejar o Estado (esta herança autoritária dos soberanos absolutos). Curiosamente após a quebra
da bolsa de valores temos um forte reforço do Estado por meio das propagandas e
totalitarismos, acompanhada de frenética caça a grupos dissidentes (em especial
anarquistas e comunistas, mas também religiosos como os testemunhas de Jeová,
que se negam ao serviço militar), e vale lembrar, isto se passou em
praticamente todo o mundo ocidental, não só na Alemanha nazista.
Wilhelm
Reich acaba provocando para este medo da liberdade que está no cidadão comum, e
procura lhe mostrar a autonomia que ele pode exercer, recordando de que não há
soberanos sem súditos - para lhes sustentar. Amplamente identificado com o
anarquismo, este austríaco parece caminhar para um pouco mais do que isso. O
que ocorre afinal é um pedido para que não se repulse a liberdade, que não se
deixe de amar, que haja sinceridade, e o mais importante, que não precisamos ter
medo da vida. Preocupar-se com a rotina dos outros revela uma frustração enorme
consigo mesmo, e devemos trabalhar sobre esta subjetividade com vista na
emancipação máxima de nosso sujeito. Busquemos ser um Espírito Livre!
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