Sempre procuro não me render ao que está ocorrendo no momento,
procuro falar daquilo que me interessa, até porque não há nenhuma
pretensão neste blog além de falar sobre livros que li ou filmes
que assisti e gostei. E se der sorte, quem sabe fazer alguma troca,
mas não uma recomendação de “boa leitura” (mesmo que por vezes
me traia neste propósito). Dai que os únicos “nobels de
literatura” no blog são anteriores aos anos 1970 (Kawabata e
Camus). Mas por uma série de razões, e a principal por um amigo meu
ter me emprestado o livro, li esta obra de Vargas Llosa enquanto ele
está quente (ou não fora substituído por outro escritor de língua
latina).
Admito que não esperava tanto deste peruano. Havia assistido uma ou
duas entrevistas suas onde ficava claro sua erudição (algo de se
esperar). Mas certamente que após ler alguma obra sua, as palavras
proferidas numa entrevista se fazem mais claras. Por sua erudição
não esperava um escrito tão cru e visceral. Posso estar enganado e
o “Elogio” pode se constituir uma exceção, até porque não li
nenhuma outra coisa sua (artigo, conto, frase) que não este livro
erótico.
Me surpreendeu a forma com que casou elementos de uma sub literatura,
como o erotismo e os singelos elementos de uma história de amor, com
uma literatura “clássicosa”. Sem deixar de perder o ritmo ou
intensidade. Mesmo se tratando de uma família abastada, que tem
empregados para cuidar da casa, a história não é um romance
monótono que narra o cotidiano e picuinhas de uma burguesia com
vontades de aristocracia.
Trata da sexualidade de forma forte, que parece procurar o corpo do
leitor em suas descrições e narrativas dos corpos dos personagens.
Seja o já envelhecido Don Rigoberto, a sensual Lucrecia ou o mancebo
Foncho. Os corpos estão ali. Rigoberto é o corpo em decadência,
envelhecido, mas ainda viril e vivo. Lucrecia é uma mulher velha,
daquelas que a idade traz o ápice da beleza. Enquanto Alfonso, o
menino em início de puberdade, tem seu corpo ainda límpido e
provocativo. Desde seus cabelos e pele clara, até seu olhar e
risada.
Imagino não ser o único que voltava para ver as pinturas que estão
no começo de alguns capítulos, assim como olhar a capa do livro ao
fim de cada descrição da madrasta. Os capítulos entremeados por
histórias que estão dentro dos quadros, corrobora com o
entendimento da história. Além de me lembrar quando era garoto e
olhava para quadros e imaginava histórias, talvez não tão
criativas quanto as de Llosa, mas assim como era para Foncho o quadro
da sala, tais pinturas se faziam particulares e magníficas.
O curioso é que a história se passa toda dentro da casa. O mundo
exterior a casa, com exceção do céu, pode ser citado, mas não se
faz existente na história. Vargas Llosa escolhera muito bem as
palavras e cria uma ambiência particular para a história.
Definitivamente o livro me surpreendeu.
tô de olho nesse livro faz um tempinho... se só fosse este, já teria lido em uma semana, mas tem outros que também estou de olho e acaba que não dar pra ler tudo.
ResponderExcluiracredito que este seja o próximo da minha lista, ao lado de Marina, o novo do Carlos Ruiz Záfon.
Abs
Olá Buenas!
ResponderExcluirEntão, estava em fase de elaboração do tcc, saco cheio de muitas coisas e leituras, mas este livro me caiu muito bem! E Sim, dá para ler em uma semana!
Carlos Ruiz Záfon eu não conheço, é peruano também?
Só recentemente estou tomando contado com uma literatura que não é estadunidense ou europeia.
Ps: também tenho uma "lista" (que não existe materialmente) enorme de livros para ler!
Abraço!