Lucas é o famoso diretor e idealizador de guerra nas estrelas. Não quero dar ou tirar mérito algum de guerra nas estrelas pela razão de que vi dois filmes da série cinematográfica quando pequeno e dos meus 11 anos para cá devo considerar que minhas visões e gostos além de uma série de coisas mudaram. Além do detalhe básico de que não lembro muita coisa do que eu assisti.
Porém THX 1138 é um filme fenomenal, lançado em 1970 o filme traz uma carga de atualidade fortíssima e talvez maior do que outras ficções que já li ou assisti (diga-se de passagem o trio clássico formado por: 1984, admirável mundo novo e um pouco menos conhecido talvez; fahrenheit 148). Creio que isto se dá pelo filme trazer a questão econômica de uma forma mais clara do que os citados anteriormente. Se em 1984 e Fahrenheit temos a eliminação dos indivíduos indesejáveis (com certa ressalva para 1984 que primeiro recupera, depois elimina) e Admirável mundo novo que simplesmente isola evitando ao máximo a eliminação, em THX temos um investimento claro em “recuperar” as pessoas. Contanto que a polícia que existe no filme está ali sob o pretexto de ajudar, evitando ao máximo o contato físico direto. Isto me lembrou muito as novas técnicas desenvolvidas, que de certa forma procuram anestesiar, imobilizar, do que interferir pelo uso de força física (e aqui pode-se ler a palavra porrada). Logo quem sabe a polícia estará usando dardos que fazem as pessoas dormirem ou algum bastão que interfere em seus movimentos físicos, porém a ideia complicada de controle está ali.
Talvez a palavra anestesia, ou como eu uso frequentemente; morfina, sejam as palavras certas. Busca-se cortar ao máximo os sentimentos das pessoas, fazendo com que sejam quase robôs. A distribuição de uma ração diária de remédios e a fácil consulta a alguma ajuda por meio do espelho do banheiro faz com que eu lembre diretamente do que temos hoje sendo feito sob o suporte da psicologia (e aqui quero deixar claro que faço generalizações que podem, certamente, em algum momento serem chamadas de absurdas, como creio que toda generalização força muitas vezes), onde não se busca em si resolver o problema que aflige a pessoa, apenas se busca fazer com que ela se conforme com tudo que está a incomodando e se dá para ela alguma droga que a anestesie. Por exemplo, um funcionário está muito estressado em seu trabalho, não se buscará mudar as condições do trabalho dele, ele terá que continuar cumprindo as metas, mesmo que muitas vezes o regime explorador de trabalho ao qual ele é submetido cause uma série de transtornos. Para quê interferir nos lucros se eu posso simplesmente deixar a pessoa anestesiada. Caso algum trabalho cause dor nas pessoas que a realizem, não se buscará a mudança ou anulação daquele trabalho, se dará morfina para que a dor cesse e ele continue a trabalhar. É basicamente a metáfora que costumo utilizar de jogar areia num buraco que temos numa rodovia, não é preciso ser um grande estudioso para entender que isto não irá durar muito tempo e logo precisará jogar areia no buraco novamente. Este jogo do anestesiar para não parar é algo que para mim soa muito atual, e a pouco distancia que nos separa deste filme dá este “quê” de atualidade.
Outro ponto no filme é que se procura inserir este individuo novamente no circulo normal da sociedade instituída enquanto ele for economicamente viável, a partir do momento em que não vale mais a pena ele é deixado por sua conta. Tal qual fazemos com um bem nosso, consertamos o carro mas preferimos comprar um liquidificador novo. Isto me lembra a política que é forte em especial a partir da segunda guerra e mais ainda durante a guerra do Vietnã, onde vale mais recuperar um soldado ferido, do que gastar muito mais na produção de um novo soldado.
O filme é denso, o que por sinal causou seu fracasso de bilheteria, e traz inúmeras questões (outras além das que trabalhei um pouco aqui). A respeito de minhas análises elas são generalizadas e superficiais, como não pretendo gerar textos muitos extensos e profundos, isto muitas vezes ocorre.
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