A Polônia me parece ser um ponto chave na segunda guerra, foi após a invasão deste país que a historiografia tradicional assinala o inicio do conflito. Geralmente compreendemos a Polônia, um país de menor importância, sendo invadido pelos terríveis nazistas. Esquecemos que a Polônia constituía parte do Lebensraum de Hitler, e que de alguma forma a Alemanha exercia profunda influência na Polônia (parece que ambos os países tem uma curiosa e complicada relação há muito tempo). Para piorar a situação dos poloneses, eles meio que eram desprezados pelos alemães nazistas por serem eslavos, e desprezados pelos russos soviéticos por serem “eslavos menores” - relação antiga já perceptível na obra de Dostoiévski – e em 1939 a Polônia se viu invadida por ambas nações, russos e alemães, sendo repartida entre ambos e criando um insignificante governo geral ao modelo de Vichy.
Afastando-se das letras grandes e lendo as pequenas, Art Spiegelman joga uma lupa sob a ocupação nazista através dos relatos de seu pai¹, sobrevivente dos campos de concentração. O que me fascinou fora imaginar a localização da Polônia, quase que espremida por entre os países circundantes, e com uma pluralidade linguística alta, ocasionada devido a pluralidade étnica. Temos judeus asquenazes falando Jüdisch, poloneses e alemães, gerando uma mescla cultural e linguística que me interessa. Entretanto toda esta aparente mescla parece estar rodeada por certa tensão. Cavando um pouco mais veremos que a perseguição a judeus data de muito tempo, e infelizmente atritos entre grupos são muito comuns.
A beleza da obra esta na proximidade e intimidade que vamos tendo conforme a leitura avança, com as pessoas e sobre as marcas do conflito, principalmente a perseguição e confinamento em campos de concentração (a maior parte deles estavam localizados, por sinal, na Polônia). Através dos relatos podemos entender como as pessoas conseguiam sobreviver. E como o campo significava morte certa.
Os diferentes grupos étnicos são retratados por meio de animais, inteligentemente escolhidos, e neste caso Spiegelman leva vantagem ao ser judeu e poder retratá-los na figura de ratos, o que num primeiro momento causa espanto e parece arriscado, só colabora para comover e perder o caráter pejorativo contido na imagem (por sinal criada pela propaganda nazista). Me pergunto como as pessoas conseguiam ser tão rudes, mas observando a atitude delas frente a situação, infelizmente acabo entendendo que se fosse hoje em dia, elas dificilmente seriam diferentes. Por exemplo, para se conseguir uma ração extra dentro do campo, ato que poderia significar a continuidade de sua vida ou não, era preciso abrir mão de certas coisas, em resumo mover-se feito malabarista por entre os guardas do campo para obter pequenos favores.
Talvez o que mais colabore para emocionar conforme a leitura se desenvolve seja a figura do pai de Art Spiegelman, um sujeito sisudo, um tanto individualista (difícil não ser num campo de concentração) e até mesmo preconceituoso quando do episódio da carona.
¹ Que residia no setor de ocupação nazista, deixando o histórico da ocupação soviética de lado, para mais detalhes assistir Katyn de Wajda.
Afastando-se das letras grandes e lendo as pequenas, Art Spiegelman joga uma lupa sob a ocupação nazista através dos relatos de seu pai¹, sobrevivente dos campos de concentração. O que me fascinou fora imaginar a localização da Polônia, quase que espremida por entre os países circundantes, e com uma pluralidade linguística alta, ocasionada devido a pluralidade étnica. Temos judeus asquenazes falando Jüdisch, poloneses e alemães, gerando uma mescla cultural e linguística que me interessa. Entretanto toda esta aparente mescla parece estar rodeada por certa tensão. Cavando um pouco mais veremos que a perseguição a judeus data de muito tempo, e infelizmente atritos entre grupos são muito comuns.
A beleza da obra esta na proximidade e intimidade que vamos tendo conforme a leitura avança, com as pessoas e sobre as marcas do conflito, principalmente a perseguição e confinamento em campos de concentração (a maior parte deles estavam localizados, por sinal, na Polônia). Através dos relatos podemos entender como as pessoas conseguiam sobreviver. E como o campo significava morte certa.
Os diferentes grupos étnicos são retratados por meio de animais, inteligentemente escolhidos, e neste caso Spiegelman leva vantagem ao ser judeu e poder retratá-los na figura de ratos, o que num primeiro momento causa espanto e parece arriscado, só colabora para comover e perder o caráter pejorativo contido na imagem (por sinal criada pela propaganda nazista). Me pergunto como as pessoas conseguiam ser tão rudes, mas observando a atitude delas frente a situação, infelizmente acabo entendendo que se fosse hoje em dia, elas dificilmente seriam diferentes. Por exemplo, para se conseguir uma ração extra dentro do campo, ato que poderia significar a continuidade de sua vida ou não, era preciso abrir mão de certas coisas, em resumo mover-se feito malabarista por entre os guardas do campo para obter pequenos favores.
Talvez o que mais colabore para emocionar conforme a leitura se desenvolve seja a figura do pai de Art Spiegelman, um sujeito sisudo, um tanto individualista (difícil não ser num campo de concentração) e até mesmo preconceituoso quando do episódio da carona.
¹ Que residia no setor de ocupação nazista, deixando o histórico da ocupação soviética de lado, para mais detalhes assistir Katyn de Wajda.