Frank é um daqueles filmes divertidos e originais como raramente
temos oportunidade de assistir. Recheado de referências num mar sem
fim sobre a música pop, o desdobramento da história é muito sólido
e importante. Basicamente temos a história de um sujeito em busca de
sua glória naquilo que convencionou-se chamar de rock'n'roll. A todo
custo a fama é almejada, e a esperança é constante de que, em
algum momento a genialidade adormecida irá despertar e tudo se
resolverá num passe de mágica.
O bacana do filme é simplesmente retratar como o mundo da música
funciona. Sua produção é efêmera, lançando um caminhão de
bandas e artistas todo ano, sendo estes mesmos sujeitos engolidos
pelo ostracismo de forma tão discreta e inexplicável quanto
surgiram. Da mesma forma existe todo um filtro de como as bandas
devem soar, diretrizes sem fim, numa complicada e nublada relação
entre público e “empresários” – incluo aqui rádios,
gravadoras, festivais e todos os afins que não pegam em instrumentos
e/ou sobem no palco. Desta forma, o que levaria pessoas a dedicaram
tanto de sua vida, em algo que a chance de obter êxito seria tão
pequena? As promessas de fama são maravilhosas, ainda mais se
levarmos em conta que vivemos num mundo que lhe cobra a sede por
sempre mais (e lhe promete riqueza caso você se esforce direitinho).
Se você não viu o filme, talvez valha a pena parar de ler agora.
O que se passa é que nada disso acontece. A história toma esta
direção até quase perto do final. Temos uma banda com sua
sonoridade ímpar e um cantor de muita personalidade e qualidade
musical. Se estes elementos não estivessem postos, talvez arriscar
uma herança de família não valesse nada a pena. O fracasso da
empreitada da fama inicia no mesmo momento em que esta pérola surge
no horizonte. Vamos perceber no fim que, as coisas não são tão
inevitáveis quanto sua explicação mais comum pode sugerir.
Parece que a mensagem principal do filme é que, o grande problema
para esta “morte” do rock'n'roll, é justamente o foco de boa
parte das pessoas consumidoras e produtoras deste nicho, em estarem
muito mais preocupadas com outras coisas secundárias em relação a
música. A fama e o visual podem ser elencados como os principais. A
discussão certamente não é de hoje, mas é vital dizer que o que
importa não está nos holofotes, e que talvez, se percebermos isto,
as coisas possam se tornar mais interessantes. Nada disto passa de
uma saudade de tempos não vividos, onde a distância do tempo cria
um brilho que na verdade jamais existiu.
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