Definitivamente adoro livros infantis, e o fator que me impede em
compra-los é simples, acabam custando caro para o hábito de leitura
que tenho hoje. Como eles têm muitas imagens coloridas, acabam
encarecendo (tinta, papel, ilustrador, tudo isto custa!), e talvez
por isso muitos pais evitam investir dinheiro nisto. Meu pai por
exemplo vivia me recomendando a biblioteca pública ou da escola,
enquanto por outro lado eu procurava deixar bem claro que eu queria o
livro pra mim, queria ter ele na minha mão e na minha estante
(burguesinho não?).
Desde que li o texto de Walter Benjamin sobre os livros infantis,
minha atenção sobre eles se fez presente sempre que possível.
Revirando agora minha estante, do limbo retirei este livro da
companhia das letrinhas que é uma adaptação para as crianças do
famoso livro de Daniel Defoe. Hoje em dia percebo que o livro é
muito bem feito, seu papel é bom e está recheado de imagens, além
de que nas bordas temos várias explicações sobre coisas da época
como: costumes, roupas, equipamentos, geografia. O fantástico é que
traz mais do que a história adaptada, ela é toda contextualizada,
de maneira simples e direta (crianças afinal, não desejam se
aprofundar com vistas numa carreira acadêmica). Imagino que todos
estes elementos faziam com que o livro custasse caro, e por isso tive
que pedi-lo de natal. Junto ganhei a edição de o Médico e o
monstro, da mesma coleção.
Lembro que o livro já abordava questões básicas da obra, lhe
ajudando a interpretar. Elemento ótimo, que incentiva a fazer mais
do que ler uma história, mas procurar buscar algum sentido nela –
mesmo que este sentido seja só seu. Pelo que me recordo, possuí
durante muito tempo a crença de que se poderia viver isolado da
civilização, da mesma forma que em algum momento da minha vida
passaria por uma grande aventura (tal qual Crusoé). Por essas e
outras naquela época já ficava de olho nas editoras dos livros e
adotei a companhia das letras como uma das minhas editoras favoritas,
pelo que vejo eles sempre procuram manter um trabalho de qualidade em
seus livros.
Este livro me gera um carinho especial, pois foi por meio dele que me
iniciei em definitivo no mundo das letras. Recordo que enquanto
passava o verão na praia e lia o livro, meu amigo me chamava para
brincar e escutava de mim: “espera um pouco, só vou terminar de
ler”, ele insistia para que eu fosse e eu dava a mesma resposta,
por fim ele enfatizou: “vamos, ler é chato!”. Pode ser que me
senti mal na época por ser chamado de chato pelo meu melhor amigo,
mas prefiro acreditar que dei uma risadinha e fui brincar.
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