sexta-feira, 3 de junho de 2011

Brazil - O Filme


Conheci este filme por meio de um cartaz, onde um sujeito era engolido pelo prédio (este). Depois de alguns anos li um artigo que tratava de filmes onde a cidade era coadjuvante na história, dentre a lista de filmes (praticamente todos de ficção científica) estava Brazil. Me deu vontade de assistir e o vi.

Confesso que seu roteiro não segue uma linha reta, como estamos acostumados, mas isto tão pouco fora o problema. Há uma forte crítica temperada com humor negro no filme. O nome Brazil se dá por tocar uma música brasileira, que conhecemos bem, cantada em inglês. A idéia era contrastar uma música tão bonita com algo tão esquisito e feio, como uma cidade pode ser.

O filme é ambientado num futuro próximo, onde o controle do estado é enorme. A presença da burocracia é forte, podemos perceber isto praticamente pelo mesmo uso que Kieslowski faz no seu curta “O escritório”, onde se mostra o estômago da burocracia filmando uma repartição publica e seus tentáculos com a constante aparição de papéis. Nisto a figura de um carimbo carimbado num papel indicando que ele pode ser carimbado (deu para entender?) pode ser uma forma prática de ilustrar o que é burocracia. Não por acaso um dos personagens do filme, que fugia da burocracia, é engolido por ela mais tarde, não conseguindo se livrar dela e dissolvendo-se no meio de papéis.

Creio que estas questões envolvendo um Estado forte e o controle sobre a população, são clichês das ficções científicas.

Outra questão que o filme traz é a constante preocupação estética das pessoas. Uma das personagens está constantemente realizando cirurgias plásticas para ficar mais jovem, chegando ao ponto de aparecer de uma forma diferente em cada momento do filme, criando dificuldades em ser reconhecida por seu filho. É algo que me chamou atenção, pois nos momentos em que esta personagem em especial aparece, percebemos toda uma tentativa em demonstrar a futilidade de uma alta sociedade - talvez a palavra certa seja apatia.

O filme, como várias ficções científicas, me parece trazer as angústias do presente, pois se trata num futuro próximo, e nosso modo de pensar progressista (a tradicional linha de evolução), as coisas só vão se tornando mais “evoluídas” e por isto mais críticas. Por outro lado, o que podemos imaginar também é que esta forma de elevar ao quadrado, possa ser uma forma de tornar o problema mais visível, é uma franca maneira de torná-lo mais gritante, especialmente pelo fato de lidarmos com uma série de coisas todos os dias que justamente por isso acabam ganhando o tom de normalidade.

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