quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O Aleph - Jorge Luis Borges

Borges escreve isto que chamam de literatura fantástica. Segundo minhas impressões constituídas sobre o assunto, este gênero parece não ter uma definição rígida, mas elementos são percebidos conforme uma leitura se desenvolve. O mais interessante é que por meio destes textos claramente longe do real, teorias são discutidas e parecem se explicar e debater ali.
É recorrente uma ambientação imaginária. Lugares que só existem em seus contos se misturam com lugares reais. A questão mais estranha é que estes lugares, sejam reais ou não, existem dentro dos contos. Talvez em vez de questionarmos a realidade destes contos, seja mais interessante aceitar que eles querem existir ali e naquele momento, quase como se as coisas tivessem vontade.
O conto mais forte é o do título: “Aleph”. Sem buscar qualquer forma mirabolante de qual sequência deve ser respeitada para ler o livro, fico com a simplicidade de seguir a leitura pela ordem das páginas. Por este caminho o último conto é estratégico. Por meio de uma dobra, um único ponto, é possível vislumbrar todo o universo.
Conforme caminhamos pela cidade, um dos lugares comuns do homem moderno, podemos observar entre o aço e concreto, vários pontos, vários universos possíveis. Me refiro a eles desde as ruelas, bares, cafés, praças, lojas e outros furos que se propõem a interromper o trânsito – de pedestres ou motoristas. Se você passar por um caminho diferente pode, por exemplo, trombar com alguém, ser assaltado, descobrir um novo bar, chegar mais rápido. Estes lugares físicos podem nos levar a outros lugares como a felicidade, o amor ou a tristeza.
Lugares são sempre transitórios, o ser humano não fica parado, se move, constantemente, porém, visita os lugares, e está ali quando se está ali. Igual moedas perdidas pela calçada.
Da mesma forma que o longínquo, e fora de realidade, espaço parece ter suas dobras devido aos buracos negros, algo tão insignificante como o cotidiano citadino também pode desdobrar-se. E mesmo que nossas sensações nos levem ao conhecimento de que tudo aquilo é verdade, as possibilidades se mostram tão impossíveis que a matemática por meio da probabilidade consegue explicar com exatidão apenas isto, o possível é imprevisível. Cada dobra, cada buraco, cada ponto pode revelar todo um universo.

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