terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Estrangeiro - Albert Camus

Creio que ressaltar o fato de seu prêmio Nobel, e que este é um dos grandes clássicos, colabore para algo.

Albert Camus era um franco-argelino que chegou a viver o período da guerra pela emancipação política da Argélia em relação a França. Camus vai descrever em seu livro esta Argélia, mais em específico Argel (capital do país) onde morava o seu herói e ele mesmo. Fala do espaço “dividido” entre franceses e árabes, colocando sempre os árabes num plano mais exterior, presentes mas afastados e sem grandes falas.

O romance conta com uma carga forte de existencialismo, começa falando do funeral da mãe do herói, descreve alguns tipos de pessoas, mas superficialmente. A atmosfera mediterrânea africana muito me agradou. É ótimo para imaginar o que é a vida na África mediterrânea. O mar e o sol são uma constante. A respeito da própria Argélia pouco encontro sobre seu interior, a maior parte é sobre Argel.

Este livro ao lado de os irmãos Karamazov (Dostoievski) ligado a Vigiar e Punir (Foucault), me ajudaram a repensar fortemente o que é isto que comumente chamamos de justiça. A produção de um criminoso, os julgamentos que começam na maioria das vezes determinados. Principalmente ao se analisar os motivos pelos quais o condenam. Isto foi o que mais forte me trouxe a leitura deste livro.

Pelo que encontrei de crítica a este livro é a respeito da conformação do personagem ao final da obra, o que realmente é perceptível.

Claramente temos linhas existenciais neste livro, o que é algo esperado de um livro da segunda metade do século XX, ou mais especificamente, do pós segunda guerra.

Um comentário:

  1. Gostei da relação que vc estabelece entre "O Estrangeiro" e "Vigiar e Punir", de Michel Foucault. Já faz um tempinho que li os dois livros em questão, mas vejo muita coerência em tal ligação, até mesmo lembrando que ao final, o personagem, Meursault, é apresentado ao júri como um demônio por não ter chorado no enterro da sua mãe, quando na verdade deveria ser julgado pelo assassinato de um árabe. E, a partir daí, o que se vê, é a ação, sobretudo da igreja, representada pelo padre, de vigiar e de punir, mesmo, porque o personagem não cai na lábia e rejeita o discurso religioso...

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