Li este clássico de Freud para pensar melhor o processo civilizador
de Elias. No segundo volume da obra homônima, as referências de
Elias para com o campo da psicanálise eram claras e ajudavam a dar
conta de sua problematização. Em larga medida, ambos os autores
querem entender, por caminhos e objetivos distintos, como aquilo que
chamamos de barbárie pode ocorrer, mesmo em espaços que constituem
aquilo que tranquilamente chamamos de civilização. Ambas as obras
tem próximos de si a ascensão nazista, o que no caso de Elias será
drástico, ao ponto de seus pais serem mortos graças a perseguição
aos judeus.
De alguma forma Freud vai prestar
atenção nas questões que estariam para além do indivíduo, e que
acabam o cercando e criando condições e regras para além de si, o
que em largas medidas seria a sociedade. Desta forma, um
entrelaçamento entre Eu, Id e Super-eu faria sua dinâmica. Tendo o
sujeito que aprender a conviver num equilíbrio entre suas pulsões,
seus desejos imediatos, e as questões de freio, como a moral e as
barreiras ou regras sociais.
Uma crítica ao ideal de civilização, perseguido loucamente, se
forma. Havendo o Homem ao mesmo tempo construído maravilhas sem fim
graças a seu processo civilizador, ao mesmo tempo temos uma questão
psíquica difícil de lidar, e que pode gerar absurdos. Sem apontar
uma saída, sem passar nenhuma receita, Freud nos adverte de que se
mantivermos indivíduos muito sufocados, sob um enorme peso da
civilização, isso gerará uma disfunção entre as três esferas do
sujeito, mas por outro lado não podemos querer que o Eu se
sobreponha a todas as outras esferas, pois assim teríamos a mais
completa balbúrdia, criando uma situação de instabilidade pouco
agradável. De alguma maneira os sentimentos exercem um peso maior do
que outros elementos mais bem valorizados.
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