quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O mal-estar na civilização - Sigmund Freud


Li este clássico de Freud para pensar melhor o processo civilizador de Elias. No segundo volume da obra homônima, as referências de Elias para com o campo da psicanálise eram claras e ajudavam a dar conta de sua problematização. Em larga medida, ambos os autores querem entender, por caminhos e objetivos distintos, como aquilo que chamamos de barbárie pode ocorrer, mesmo em espaços que constituem aquilo que tranquilamente chamamos de civilização. Ambas as obras tem próximos de si a ascensão nazista, o que no caso de Elias será drástico, ao ponto de seus pais serem mortos graças a perseguição aos judeus.
De alguma forma Freud vai prestar atenção nas questões que estariam para além do indivíduo, e que acabam o cercando e criando condições e regras para além de si, o que em largas medidas seria a sociedade. Desta forma, um entrelaçamento entre Eu, Id e Super-eu faria sua dinâmica. Tendo o sujeito que aprender a conviver num equilíbrio entre suas pulsões, seus desejos imediatos, e as questões de freio, como a moral e as barreiras ou regras sociais.
Uma crítica ao ideal de civilização, perseguido loucamente, se forma. Havendo o Homem ao mesmo tempo construído maravilhas sem fim graças a seu processo civilizador, ao mesmo tempo temos uma questão psíquica difícil de lidar, e que pode gerar absurdos. Sem apontar uma saída, sem passar nenhuma receita, Freud nos adverte de que se mantivermos indivíduos muito sufocados, sob um enorme peso da civilização, isso gerará uma disfunção entre as três esferas do sujeito, mas por outro lado não podemos querer que o Eu se sobreponha a todas as outras esferas, pois assim teríamos a mais completa balbúrdia, criando uma situação de instabilidade pouco agradável. De alguma maneira os sentimentos exercem um peso maior do que outros elementos mais bem valorizados.

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