terça-feira, 27 de abril de 2010

Mil tsurus - Yasunari Kawabata

Kawabata é nobel de literatura. Conheci ele pela citação do começo do livro de Gabriel García Márquez, memórias de minhas putas tristes, de um livro de Kawabata. Já havia lido Mishima e me interessei muito pelos escritores japoneses e todo esse movimento. escolhi este livro da melhor forma, aleatório na seção de outrs literaturas da biblioteca da FURB.

O livro fala de um Japão muito mais tradicional, contanto que o pano de fundo de todo o livro é o ritual do chá. Fala de toda a arte que envolve o ritual, do nome dos utensílios e do valor que cada um pode ter devido a sua beleza e técnica de fabricação. O que percebi claramente no livro era um degradação do ritual do chá, se tornando um pretexto para iniciar namoros. O tempo histórico também é o pós segunda guerra, e a ocidentalização começa a pesar. Contanto que o personagem principal até pensa em vender sua casa, que pela descrição era tipicamente japonesa, com seus jardins e sala do chá, para troca-la por uma mais "moderna". Seu pai era um grande mestre do chá, e ele não se interessava nem um pouco sobre o ritual. O que denota mais uma vez a decadência na cultura nipônica, pegando uma das marcas mais particulares que é o ritual do chá. Tudo isso vendo como algo mais simbólico e sutil.

O grande objeto da literatura de Kawabata é o universo feminino, contanto que praticamente todos os outros personagens são mulheres. Ele encontra-se numa situação amorosa complicada, onde sente atração por uma jovem, e uma mulher mais velha. E há a presença constante da antiga amante de seu pai.
O que percebi entre os dois livros ("o marinheiro que perdeu as graças do mar" e "mil tsurus") é a relação com o corpo, de uma forma diferente da que geralmente temos. Descrições precisas, para ser mais exato.

Gostei muito do livro por não ter uma carga tão "ocidental" como o livro de Mishima, e que me ajuda a conhecer um Japão não tão comum como nós conhecemos. Um bom livro para quem se interessa sobre os nipônicos.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Fáctotum - Charles Bukowski

Esse livro seria algo como "a continuação de misto-quente", porém não é. Tem seu caráter autobiográfico, e acredito que o único livro de Bukowski sem esse caráter seja pulp (que no momento estou lendo).

O livro fala sobre trabalho, sobre o mercado de trabalho. A própria palavra factótum tem alguma ligação direta com o trabalho. Boa parte das minhas noções sobre o mundo do trabalho vem deste livro, que tem um certo caráter político, porém não se pode dizer isso também. talvez Bukowski apenas tentou ser direto, sem delongas, como muitas vezes ele é.

O grande problema de se ler Bukowski é que suas histórias têm um mesmo pano de fundo, que são os bares, bebedeiras, mulheres, brigas e depois de um certo tempo; cavalos. Porém eu sou um fã de Buk, logo todos seus livros são bons. A escrita de Bukowski é muito boa, flui.

Este livro é bom para quem está no primeiro emprego, ou cansado de trabalhar, ou se -pior- você estiver com vontade de trabalhar. Li este livro faz algum tempo e muitas coisas ainda fazem sentido.