sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A identidade cultural na pós-modernidade - Stuart Hall

     Este livro de Stuart Hall acabou se tornando bibliografia básica quando a discussão gira em torno da identidade. Os motivos para isso não são para menos, afinal, com muita destreza ele consegue sintetizar as discussões em torno da identidade em basicamente cem páginas. O ponto de partida é a diferenciação entre três tipos de sujeito, e consequentemente de identidade.
     Estes três sujeitos são: A) o sujeito do Iluminismo, B) o sujeito sociológico, e por último, C) o sujeito pós-moderno. Em linhas gerias o sujeito do Iluminismo é entendido a partir de uma essência, e desta forma seria o que se é. Este é um sujeito indivisível, que é o que se é e não poderia ser outra coisa. Enquanto o sujeito sociológico tem a sua identidade formada a partir do meio em que vive, e que seu desenvolvimento, único e individual, se dá pelas experiências em um dado tipo de sociedade. Por sua vez o sujeito pós-moderno é fragmentado, mas não por não possuir identidade em momento algum, mas sim por agir através de uma infinidade de identidades, sendo pela manhã um trabalhador, pela tarde um estudante, pela noite um marido, oscilando seu vinculo identitário a cada instante. Um outro exemplo desta identidade pós-moderna, seria a de um sujeito que participa de alguma tribo urbana, que numa hora seria um clubber, noutra um londrino, depois um inglês, quem sabe um trabalhador, quem sabe um estudante, o que é claro para todo mundo é que suas identidades são múltiplas, gerando assim identificações. Reconhece-se que diferentes identificações são invocadas ao longo do dia, sendo a existência composta e reconhecida não mais como algo preso a uma identidade coesa e indivisível.
     Os embates ficam mais interessantes quando temos a questão nacional em jogo, pois o processo de globalização, que coloca este sujeito pós-moderno em cena, parece apagar cada vez mais qualquer resquício dessa identidade nacional, ou até mesmo local. Porém, o que podemos perceber de maneira mais atenta, é como estas identificações estão numa dialética constante, sendo assim, o processo de globalização está muito mais ligado a produção de novas identidades, e não a destruição da identidade. E desta forma, por mais que a identidade local apareça com cada vez mais força, isto é um processo ligado a globalização, e poderíamos dizer, tal qual é o caso das cidades do estado de Santa Catarina, isto seria uma forma de inserir-se melhor na globalização, já que seria um produto diferenciado. Hall traz a questão, de que em tempos de global, as fronteiras distantes estão ao alcance de uma passagem de avião, e desta forma o sujeitos estão numa tradução, mediando dois mundos. Sendo assim, não podemos entender a globalização como um simples processo de apagar identidades entendidas como seminais, mas sim como produção de novos significados, novos vínculos identitários, porém tudo isso da forma desigual que a globalização produz.